sábado, 14 de agosto de 2010

Deixe-me

Deixe-me,
Morar,
morrer,
Ver,
amar,
Nesse mar que navegas teu ser.

Deixe-me
teus dentes mastigarem as pernas minhas.
teus dedos pentearem os pelos meus.
teus lábios sugarem a alma minha.

Deixe-me só ficar memorizada
na dança sensual do teu corpo em transe.
Cris lima.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Paixão nordestina

navegas em meu útero plausível
Só-rio como um bêbado sem dentes.
Tu cantas com a garganta empuisada de ódio
eu ando no negro
e tu procuras os passos brancos dos meus pés tortos
às vezes canso
ás vezes te olho
o fundo da retina
tu escreves loucuras num papel sujo
do meu lixo reciclado
eu grito por uma alegria falsificada
embalada pelo medo que possuo dos teus dentes envermelhados
meu sangue transita desesperado pora alcançar o ápice de teu ser.
e tu, somente me encontras carbonizada
Junto ás flores deixadas no chão agreste de minha loucura
o menino que vejo em tua retina
suplica-me a maçã do rosto,
minha carne transparente
A-veia minha
deito meu corpo no chão rachado
para que satisfaça a fome orgulhosa de nossa paixão falecida.
Cris Lima

5 por 1 real

O velho enterrado no cimento,
Pés nus e rachados no frio chão.
Blusa de vereador
"Oiá o quiabooooooooooo!"
Saco de plástico...
10 apenas,
"Quanto é, moço?"
5 por 1 real.

Cris Lima

O sol esvaindo-se num momento único para amanhã ser mais uma vez sol....
E queimar a Terra com seu brilho quente
que doura agente
num vermelho só dele em laços efervescente...
Cris Lima.

Band-aid da Johnson

O cheiro do teu cigarro invadiu minha casa
Tive a saudade da madrugada ligeira.
Meu bem, não posso te amar!
Não!Não!
Não, agora que meu cartão de crédito estorou.

O novo dos teus livros entrou em minha estante
Tive a certeza da verdade doída.
Meu bem, não posso te querer!
Não!Não!
Não, agora que minha calça jeans rasgou.

A burguesia de tuas camisas estendeu-se em meu varal
Tive a ilusão da mentira santeira
Meu bem, não posso te ter!
Não!Não!
Não, agora que meu único peito usa um band-aid da Jonhson.
Cris Lima.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O mundo quebrou-se atrás de mim

O mundo quebrou-se atrás de mim
Os meus cabelos enfiaram-se em meus olhos
O cogidano do meus dias acabou
O vermelho do céu entrou em mim
Sacudiu o meu ventre e me fez lágrima
O teu em meio seio
A vida em pálpebras
O beijo salivado em meu abismo
O teu nariz insólito
A minha boca perfumada
Teus pés rachados
A minha língua louca
Os teus pêlos andando entre meus dedos
Finjo entender teus olhos de dor
Sei sobre teu desespero
Mas não sabes que agora
bem agora...
que ia gritar em teus tímpanos
O mundo quebrou-se atrás de mim.

Cris Lima.

terça-feira, 3 de agosto de 2010